quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COBRAS, ARANHAS E TATURANAS...

Depois de tratar dos assuntos relacionados aos bichos mais comuns de serem encontrados dentro de uma cidade, darei continuação ao assunto falando de bichos que também aparecem no perímetro urbano. Alguns podem representar risco de acidentes ou de prejuízos à Saúde. Na postagem anterior foram os ratos, carrapatos, escorpiões amarelos e os caramujos africanos os alvos das explicações. Desta vez serão as taturanas, as cobras e as aranhas.

Taturana = Borboleta
De início devo lembrar que fomos educados para temer bichos perigosos e quem nos ensinou, via de regra, é alguém sem referências para diferenciar uma cobra ou aranha inofensiva de uma venenosa. A maioria das pessoas acredita que toda cobra e toda aranha são perigosas. Não é bem assim. Grande parte dos bichos que são esmagados e picados por facões, enxadas, pedaços de pau, vassouras... são completamente inofensivos, dóceis e de fácil manipulação. Obviamente que, para quem não é do ramo, o medo é a primeira reação.

Acredito que nesta postagem você não se tornará um expert no assunto, mas dará pra impressionar muita gente com coisas bem simples que vocês verão através de belas imagens destes lindos e peculiares bichos. Como já venho fazendo, não me aprofundarei em questões técnicas relacionadas aos bichos, estas informações estarão disponíveis à quem se interessar nos links indicados no texto.

Obrigado e boa leitura!!!!


IMPORTANTE: Todo o texto foi elaborado por mim tendo por base minhas experiências profissionais na área de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente. Os registros fotográficos também são de minha autoria. Quando houverem informações ou imagens de outras fontes, elas serão mencionadas. Não me oponho ao uso deste material parcialmente ou na integra para fins educativos ou para a confecção de trabalhos escolares, porém, por uma questão de respeito, peço que qualquer imagem ou trecho de textos retirados deste Blog mencionem o link:


Obrigado.


Cobras

Quando falam de cobras muitos acham que toda cobra é uma jararaca. Muitas pessoas que se dizem entendidas do assunto identificam as dormideiras e várias outras cobras inofensivas como sendo jararacas. Quando uma pessoa se depara com uma cobra de coloração viva em tons de vermelho, preto e branco, ela logo acha ser uma coral verdadeira. Para a surpresa de muitos, corais verdadeiras são bem raras de se encontrar próximo do perímetro urbano, e mesmo em áreas rurais, aparecem bem pouco. Um número enorme de falsos corais é morto por parecer com as corais verdadeiras. Aquilo que deveria servir para espantar predadores, ou seja, a utilização das cores de um bicho venenoso para dar alerta, representa a morte destas lindas cobras quando num encontro com o ser humano.

A recomendação dada para quem se depara com uma cobra no perímetro urbano é a seguinte:

Se a cobra apareceu em seu quintal, em seu local de trabalho ou em outra área com circulação de pessoas e animais domésticos, não é legal que ela fique por ali. Apesar do pânico de certas pessoas, o melhor a fazer é tentar captura-la. Tanto você pode imobilizar a cabeça do animal usando um rodinho ou algo firme (com cuidado para não machuca-lo!) e direciona-lo a entrar em uma garrafa ou recipiente que possa ser fechado. Outra maneira é tirar a cobra do chão. Você já tentou saltar sem estar com os pés no chão? Imagine uma cobra. Ela perde toda a reação. Geralmente deve-se pega-la pela metade anterior (parte da frente, próximo ao meio da cobra) com um gancho, um graveto ou um rodinho mesmo, e coloca-la num recipiente, conforme descrito acima. Lembre-se de furar o recipiente e de coloca-lo em local fresco até que seja recolhido pelo Corpo de Bombeiros, pelos profissionais de Vigilância em Saúde de seu Município ou seja levado até a Unidade de Saúde mais próxima. Se você não se sentir com confiança para fazer uma destas coisas, há outras soluções. Uma é jogar um pano úmido sobre o bicho, colocar pesos ao redor para que ele não consiga fugir e chamar o atendimento. Outra opção é sair gritando e correndo pela rua. Talvez seus gritos assustem a cobra e ela vá embora sozinha. (brincadeira!).

    Se a cobra for venenosa, deve ser encaminhada ao Instituto Butantan ou ao CEVAP da UNESP de Botucatu. Nestes locais, além de importantes pesquisas envolvendo as substâncias que as cobras injetam ao picar, pode-se produzir soro antiofídico, fatos que dependem dos animais vivos produzindo veneno regularmente. Além disso, estes Institutos de Pesquisa têm condições de reintroduzir os bichos na natureza em locais apropriados.

       Agora, se for uma espécie inofensiva, o exemplar deverá ser solto pelos profissionais habilitados em local adequado. De preferência em reservas de preservação permanente ou áreas de mata ciliar, seguindo-se alguns critérios previstos em lei.

    Estes procedimentos de captura e envio de espécies sinantrópicas e peçonhentas são praticamente os mesmos se o bicho for uma aranha, um escorpião ou outro qualquer que você queira encaminhar corretamente.

    Muitas pessoas acham que os animais entregues são sacrificados. Isto é um grande equivoco. Primeiro porque estamos falando de animais silvestres, portanto é crime aprisionar ou matar um bicho destes sem as devidas autorizações e licenças. Em segundo lugar, animais peçonhentos entregues vivos podem significar a disponibilidade de soro para pessoas acidentadas. Portanto, ao encontrar com um bicho supostamente perigoso, não fique em desespero, tente fazer o possível para não mata-lo ou machuca-lo e se possível tente encaminha-lo corretamente. É curioso que muitas pessoas se sintam seguras para matar estes bichos e não para captura-los.


dormideira - muito confundida com jararacas
    São muitas as ocorrências da presença de cobras em áreas rurais. Os mais acidentados ainda são aqueles que trabalham ou transitam nestas áreas. Ao se deparar com uma cobra ou com qualquer outro bicho próximo de áreas de reserva, beira de rios, e locais que representem o habitat destas espécies, o comportamento não é o mesmo daquele recomendado na cidade. Dependendo do lugar, a melhor coisa a fazer é desviar do bicho ou afasta-lo para dentro da mata novamente. Estando em seu habitat, seria muita maldade um ser humano captura-lo e manda-lo para outro lugar. A única exceção à esta regra é no caso de acidentes, ou seja, se alguém levar uma picada de uma cobra fazendo uma trilha ou trabalhando na área rural, a cobra deverá, se possível, ser capturada viva e levada ao local de atendimento, isto pode facilitar o tratamento e a aplicação do soro mais adequado.

   Das cobras que podem causar acidentes de importância médica mais encontradas na região central do Estado de São Paulo, destacarei apenas as de maior freqüência. O que seria legal de vocês guardarem são as características das cobras inofensivas. Só para se ter uma idéia dos absurdos oriundos do conhecimento popular em relação às cobras, vou citar um exemplo: As cobras cegas são descritas como serpentes super venenosas e que podem picar pelos dois lados, isto mesmo, elas teriam duas cabeças, uma em cada extremidade do corpo. Dizem também que ela é muito difícil de picar alguém, mas se acontecer.... já era! A verdade é que as cobras cegas são classificadas pela maioria dos pesquisadores como lagartos ápodos, ou seja,  lagartos sem patas. Em algumas espécies chega a existir uma protuberância no local onde seriam as patas. Desta forma, as perigosíssimas serpentes de duas cabeças não passam de lagartixas com corpos de minhoca, sem qualquer risco ao ser humano. E saibam que as pessoas esmagam várias por aí...

Jararacas

      A espécie de jararaca mais comum na região em pauta são as caiçacas, seguidas das jararacas, dos urutus e dos jararacuçus. Todas são bastante venenosas e responsáveis por vários acidentes. São animais rápidos e geralmente fogem do ser humano ou, em último caso, armam o bote pra proteger seu território. O melhor é passar longe. Não são cobras fáceis de capturar, são muito ligeiras e mesmo fora do chão tentam fugir.

Caiçaca
Bothrops moojeni

fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
filhotes de caiçaca em garrafa de plástico
Urutu Cruzeiro
Bothrops alternatus
Rhinocerophis alternatus (nova classificação)


Jararaca (jararaca mesmo)
Bothrops jararaca
Bothropoides jararaca (nova classificação)


fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
Jararacuçu
Bothrops jararacussu


fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
Cascavel
Crotalus durissus terrificus
Caudisona durissa terrificus (nova classificação)


fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
            Não é à toa que as cascavéis possuem um guiso (ou chocalho se preferir). Ao perceber a aproximação de um bicho que possa representar perigo para ela, ela dispara o alarme. Faz barulho para avisar: “estou aqui, passe longe se não quiser problemas”. E é bom ouvir o recado e desviar. Diferente das jararacas, são cobras bem mais fáceis de capturar, geralmente, quando retiradas do chão, ficam sem qualquer reação. Enquanto uma jararaca tenta fugir, uma cascavel se enrola e arma o bote.

Coral (verdadeiro)
Micrurus lemniscatus

fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
coral verdadeiro - mãos do grande mestre Torres
        São cobras bem difíceis de encontrar em nossa região. Como seus dentes são mais para dentro de suas bocas, é mais difícil ela inocular veneno na mordida, mas, quando acontece, é um acidente sério. São cobras muito sensíveis ao ambiente e não é fácil transporta-las com vida. São bem mais frágeis que as cascavéis e jararacas. Uma das formas mais rudimentares de se identificar se o coral é verdadeiro é observar se a distribuição de cores é regular e se os “anéis de cordão a volta toda no corpo da cobra de forma simétrica. Os falsos corais, quase sempre, possuem a parte de baixo esbranquiçada ou os anéis de cor são disformes e não se fecham perfeitamente ao redor da cobra. Algumas espécies não passam muito do tamanho de uma minhoca, ainda assim são amassadas pelas pessoas.

Primeiros Socorros em caso de acidentes

1 – É importante que a pessoa acidentada mantenha a calma e evite esforços físicos;

2 – Consultar imediatamente nos telefones de emergência o local de atendimento para este tipo de situação, um local com soro disponível. Geralmente, o atendimento é feito por unidades do SUS – Pronto Socorro ou Atendimentos de Emergência;

3 – Lavar o local da picada com água e sabão ou detergente neutro;

4 – Não  fazer torniquete ou garrote no membro picado, pois poderá agravar o acidente, aumentando a concentração do veneno no local e podendo causar a amputação do membro picado;

5 – Não fazer perfurações ou cortes no local da picada, isto pode aumentar a chance de hemorragias ou infecções por bactérias;

6 – Evitar curandeiros e benzedores, lembrando que o rápido atendimento em um hospital é fundamental para a reversão do envenenamento;

7 – Não ingerir bebidas alcoólicas ou qualquer outro líquido diferente de água até chegar ao local de atendimento médico. Algumas pessoas chegam alcoolizadas no atendimento e isso dificulta a identificação dos sintomas;

8 – Se possível, levar a serpente causadora do acidente pra facilitar o diagnóstico e o tratamento.

Prevenção de acidentes

1 – Sempre que for fazer trilhas ou percorrer áreas de mata ou beira de rio, faça isso devidamente calçado. Cerca de 80% das picadas acontecem do joelho para baixo, sendo 50% no pé. O uso de botinas e botas resistentes previnem muito mais que tênis e calçados abertos;

2 – Evite acúmulo de materiais, objetos e equipamentos (lenhas, entulhos e lixos) encostados ou próximos a moradias humanas;

3 – Use luvas de couro ao mexer com coisas armazenas no quintal ou em locais com muita vegetação;

4 – Preste atenção ao chão e no caminho que faz ao percorrer trilhas e evite andar fora delas;

5 - Evite fazer trilhas durante a noite, pois é o horário de maior atividade das serpentes venenosas;

6 – Ao encontrar uma cobra, avise as pessoas que estejam com você onde ela se encontra e procure desviar dela. Lembre-se de que ela está em seu habitat natural e é você o invasor.

5.000.000 de pessoas são picadas anualmente 
em todo o mundo
aproximadamente a metade fica com lesões 
ou seqüelas
cerca de 125.000 morrem

As causas dos óbitos costumam ser:

Falta do soro (antiveneno) específico;

Retardo na sua administração;

Uso incorreto do soro.

As imagens que não foram feitas por mim foram obtidas da apresentação: ATUALIDADES EPIDEMIOLÓGICAS, PRIMEIROS SOCORROS E PREVENÇÃO DE ACIDENTES OFÍDICOS realizada no I CONGRESSO REGIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE em Setembro de 2010 pelo Prof. Dr. Rui Seabra Ferreira Junior – Pesquisador – CEVAP / FMB – UNESP – Botucatu – rseabra@cevap.org.br a quem agradeço pelas dicas dadas naquela oportunidade.
            A seguir temos algumas imagens de cobras inofensivas que aparecem com mais freqüência no perímetro urbano. Quando digo inofensivas não quero dizer que elas não mordam se forem molestadas ou agredidas, quero dizer apenas que não possuem veneno de importância médica.

Tipo de falso coral
falso coral de barriga branca
repare a falta de simetria dos anéis coloridos
falso coral
os anéis coloridos não coincidem
falso coral - anéis assimétricos
animal grande
dormideira - fica imóvel quando tocada
cobra verde - grande e rápida
sobe em árvores com muita habilidade
cobra capim
em algumas épocas do ano ficam com a coloração mais viva (alaranjado)
jibóia - animal grande
não possui veneno, mas a mordida é forte e dolorida
jibóia em bueiro - perímetro urbano
jibóia sendo solta em área de reserva natural
     Alguns links podem suprir a curiosidade de quem quiser saber mais sobre o assunto:


Aranhas

            Motivo de grande fobia para muitas pessoas, a maior parte das aranhas encontradas nas cidades são inofensivas ao ser humano ou de acidente muito raro. Acontecem também acidentes com espécies que não são de importância médica, ou seja, não possuem substâncias que causam danos à saúde do acidentado, apenas dor local.

            Nos filmes, adoram utilizar enormes aranhas caranguejeiras andando sobre o mocinho ou a mocinha de estórias de aventura. Pois é, justamente as caranguejeiras que são dóceis e não possuem veneno de importância médica acabaram sendo tachadas como bichos horripilantes e super perigosos. Então lembre-se: aranhas grandes e cheias de cerdas não são necessariamente perigosas, muito pelo contrário, o maior número de aranhas encontradas com estas características nas cidades são de diversas espécies de caranguejeiras.

            Três são os tipos de aranhas perigosas que predominam na região central do Estado de São Paulo: Aranha Armadeira (Phoneutria e em nossa região Phoneutria nigriventer que quer dizer: assassina de barriga preta), Aranha Marrom (Loxosceles e em nossa região: Loxosceles gaucho) e a Viúva Negra (Latrodectus e por aqui: Latrodectus geometricus). Vamos ver estas primeiro e depois guardar bem as características das inofensivas, OK?

Aranha Armadeira

            Trata-se de uma aranha grande e rápida que pode se projetar até 40cm num salto. Além de muito dolorida, a picada de um bicho destes pode levar uma pessoa adulta a óbito.

            Bastante freqüente nas periferias, principalmente nas proximidades com áreas verdes como beiras de rio e bosques. São de hábito noturno como quase a totalidade das aranhas. Ao contrário de outros bichos que são mais ativos no calor, as armadeiras ficam menos discretas no inverno, época em que é mais fácil se deparar com uma numa edificação ou de sofrer acidentes. Um dos nomes populares delas é: aranha de bananeira. E não é à toa. É muito comum usarem a folhagem seca de bananeiras para se abrigarem. São mais freqüentes os acidentes com trabalhadores rurais ou pessoas que transitam por estas áreas. De qualquer forma, o ser humano, como grande causador de problemas para este Planeta que é (ou melhor, que somos!), cria condições propícias para que estas e outra aranhas e bichos diversos gostem de ficar por perto de casas e nos terrenos. Tanto o excesso de mato quanto a deposição de lixo, entulho e podas de vegetação de forma desordenada e equivocada por parte dos mais variados segmentos possíveis da população (comércio, indústria, cidadãos, órgãos públicos... todo mundo) acaba favorecendo a proliferação de pragas e espécies da fauna sinantrópica, o que é prejuízo para a própria população dos mais variados segmentos novamente, ou seja, já que estamos falando também de cobras nesta postagem: “É a cobra se comendo pelo rabo”.

Não é difícil identificar uma aranha destas, observe o seguinte:

1 – aranha de grande porte e de coloração escura em tons de cinza, preto e marrom;

2 – quando em descanso, ao invés de se encolher, como a maioria das aranhas de grande porte, elas “se esticam”, ou seja, projetam as patas dianteiras para frente juntando duas de cada lado e as patas traseiras para trás, também unidas em pares;

3 – Quando cutucada ou incomodada, elas se levantam e ficam de frente para o que pretendem atacar, daí o nome armadeira, elas armam o salto e o bote. Ao se levantar, juntam as patas dianteiras duas de cada lado, deixam claro uma visível variação de cores claras e escuras nas patas dianteiras (são listradas) e fica visível também o motivo do nome barriga preta. A parte debaixo da aranha é bem escura;

4 – No abdômen, ou, se preferir, na bunda das armadeiras há marcas que dividem ao meio o abdômen da aranha. São como se fossem pequenos desenhos de gotas enfileiradas lado a lado em pares que vão do início até o seu final do abdômen. Nas fotos vai ficar tudo bem claro...;

5 – Elas fazem um movimento rítmico com as patas dianteiras de um lado para outro;

6 – Ela pula. E pode pular meio longe, fique esperto(a)!!!!!!

Aranha Marrom

            Já comum dentro de casas em alguns Municípios brasileiros, na região central do Estado de São Paulo ainda pode-se dizer que este é um bicho mais relacionado com a vida no campo, porém, cada vez mais, encontram-se aranhas marrons nas proximidades de edificações das áreas de transição urbano-rural e de periferia, principalmente no entulho e nos locais mal zelados pela população, pelos proprietários e pelo poder público.

            Não é uma aranha grande e nem tem cerdas. Chega até a lembrar um pouco aquelas aranhas pernudas que estão sempre em algum canto de nossas casas. Mas calma, esta também é uma aranha meio fácil de reconhecer (mais ou menos).

aranha marrom
observe a teia característica
     É uma aranha rápida que gosta de ficar embaixo de coisas como madeira, telhas, folhas... Não faz aquelas teias que sempre associamos às aranhas (bonitinhas e geométricas). A teia destas aranhas parece um lençolzinho sobre o chão, ou um algodão meio esticado sobre a base que a prende. Geralmente a aranha marrom fica debaixo desta teia esquisita.

aranha marrom - cerca de 2cm
     Os acidentes ocorrem quando esprememos uma aranha destas contra o corpo ao encostar em algum lugar ou colocar uma roupa onde ela veio se abrigar. Não se trata de acidente dolorido, dizem ser parecido com tomar um encostão de um cigarro aceso. Por outro lado o que se sucede ao acidente é muito feio de ver e pode matar um ser humano adulto ou comprometer gravemente seu rim. No local da picada é comum ocorrer perda de tecido (gangrena).

Viúva Negra

     Apesar do nome, a espécie que ocorre em nossa região é a Latrodectus geometricus, que, para a surpresa de muitos, de negra não tem é nada. Ela é bem clara (meio amarelada) e não é grande.

     Sua teia também não é simétrica. Geralmente elas fazem teias em cantos protegidos (como na sua caixa de correspondências ou na grade do seu portão). É uma teia bastante resistente e que serve basicamente como abrigo para estas aranhas.

viúva negra
repare no desenho da ampulheta vermelha no abdômen
     Na parte debaixo do abdômen desta espécie há uma ampulheta vermelha. Isto mesmo, em quase todas as variedades de viúvas negras esta é uma característica bem visível.

     Não estamos falando de uma aranha grande. Quando tocada, se joga no chão e, dissimuladamente, finge de morta até ter certeza que está a salvo.


viúva negra
     Muito freqüente no perímetro urbano, esta espécie, graças ao seu comportamento dissimulado, envolve-se em poucos acidentes com humanos. Além disso, nesta espécie especificamente (Latrodectus geometricus), os acidentes são considerados leves e raramente moderados. Também não é dolorido na hora. Normalmente, no local da picada, depois de alguns dias, há um enrijecimento no local(fica endurecido) e pode ficar levemente dolorido.

     Vamos agora conhecer aranhas que são mais comuns de aparecer em edificações e que não representam perigo ao ser humano. Podem acontecer acidentes? Sim, mas sem problemas. As aranhas que vamos conhecer a seguir podem ser responsáveis pelo controle de roedores e outros bichos que são muito mais danosos à saúde da população que elas.

Aranha de Jardim

aranha de jardim
observe a seta desenhada no abdômen
     Esta é a famosa tarântula. Pode ser considerada como uma aranha grande. A coloração varia em tons de cinza e marrom. É um bicho rápido e aparece muito em edificações. Apesar de não possuir um veneno que represente risco à vida de uma pessoa, a picada é relativamente dolorida e pode provocar febre. É relativamente fácil identificar uma aranha de jardim ou Lycosa. Dividindo ao meio o abdômen, ou, novamente, se preferir, na bunda desta espécie de aranha há o desenho de uma ponta de lança apontada para a cabeça dela. Nas fotos vocês poderão ver melhor... Estas você pode pegar com uma pá de lixo e jogar num terreno ou numa praça.

Caranguejeiras

tipo de caranguejeira
exemplar grande e cheio de cerdas
     Aranhas de grande porte, podendo em algumas regiões haver espécies que chegam a atingir o tamanho de um prato (e de um pratão fundo!). Cheias de cerdas, as caranguejeiras assustam muita gente. Se apertada contra o corpo ela pode até picar, mas caso contrário ela passeará pelo seu corpo sem nenhum problema além das cócegas. Suas cerdas ou pêlos podem provocar irritações nas vias respiratórias ou na pele, mas até isso é bem raro, como disse no início deste tema, as caranguejeiras são dóceis. Existem pesquisas com as substâncias que elas injetam ao picar suas presas e muitos medicamentos vêm sendo elaborados à partir de venenos e substâncias de origem animal.

macho de caranguejeira
o abdômen dos machos é menor em quase todas as espécies de aranha

Nefilas

nefila em teia - aracnídeo de grande porte
a teia é grande podendo ter mais de 2m de diâmetro
     Para alguns pesquisadores, apesar de fazerem lindas e enormes teias entre árvores e muros ou postes, estes bichos não são aranhas. São o que chamamos de caçador oportunista. Faz sua teia em local de passagem de insetos alados e fica de boa esperando a comida cair em sua teia. Ao olhar contra a luz, algumas destas teias são douradas como fios de ouro. Outra característica é a presença de bolinhas de teia enfileiradas do centro para fora doa teia. Muitas pessoas acreditam serem ovos. Na verdade são os restos de refeição e os estoques pra um petisco fora de hora. Só picarão uma pessoa se forem espremidas contra a pele e mesmo assim não vai ser nada preocupante. Se uma destas fizer uma teia na frente de sua casa ou no seu quintal, torça para ela gostar daí e ficar por várias gerações. Ela será responsável por capturar boa parte das moscas e mosquitos que iriam te incomodar durante as refeições ou durante seu sono. Se você ainda assim estiver com medo e não quiser ela por aí, leva-a à um bosque ou praça e solte-a.

nefila
Opileão

     Este bichinho só está inserido aqui por ser muito comum nas residências e causar muita especulação. É um aracnídeo, mas não uma aranha. Além disso, não faz absolutamente nada, a não ser expulsar outros insetos invasores de seu quintal.

Taturanas

     Apesar de ser quase unanimidade entre as pessoas a aversão e o nojo em relação à taturanas e mandrovás, tratam-se de bichos fabulosos tanto pela transformação pela qual passam quanto por aquilo em que se transformam. Borboletas sempre são vistas como lindos insetos e as taturanas como bichos nojentos e perigosos... e é o mesmo ser...!!!

madrová na mão calejada do grande Marcelão
além de não causar acidentes, transforma-se numa linda mariposa
     A maior parte das espécies, mesmo as que possuem cerdas coloridas, são peludas e aparentam queimar muito, não representam qualquer risco para o ser humano. Acontecem acidentes com as espécies perigosas, mas não é freqüente. Muitas pessoas odeiam as taturanas e mandrovás pelo fato de que elas atacam suas plantas. É possível evitar e controlar isto com produtos naturais e, para algumas plantas, esta “poda” feita pelas taturanas e pelos mandrovás acaba fazendo bem.
mandrovás
típico charuto feito em folha de palmeiras
     Vamos ver algumas espécies que ocorrem em nossa região e diferenciar as verdadeiramente perigosas das inofensivas.


taturana que queima (cerdas tipo pinheirinhos)
este formato de cerdas é característico de taturanas que causam acidentes
taturana automeris (cerdas tipo pinheirinhos)
comum na região e causa acidentes muito doloridos
     As que veremos a seguir, apesar das aparências, são inofensivas.


taturana inofensiva
taturana inofensiva
     Taturanas sem cerdas e mandrovás não causam acidentes. Tirando aquelas com cerdas tipo pinheirinho, a maioria das espécies encontradas no perímetro urbano são inofensivas. Existe uma espécie comum em regiões de mata atlântica (como a Serra do Mar) que pode levar o acidentado à óbito.


     Vejamos agora algumas belas imagens de borboletas e mariposas.

















     Para saber mais consulte:



     Como já havia informado na postagem anterior: No caso de acidente com qualquer bicho, lave o local da picada, mantenha a calma e busque atendimento na Unidade de Saúde de referência.

     Na semana que vem questionarei um velho ditado popular:

O que os olhos não vêem o coração não sente.”

Mas para poder adequá-lo às minhas necessidades de postagem, farei uma pequena adaptação:

O que os olhos não vêem, o estômago não sente?”

Você verá imagens assustadoras de cozinhas de restaurantes, padarias, lanchonetes e pizzarias. Obviamente que os locais não serão identificados, mas existe uma LEI que obriga os responsáveis por estabelecimentos que produzem alimentos a permitirem que os consumidores vejam as condições da cozinha e uma que obriga as Vigilâncias a tornarem públicas suas ações. Pra falar a verdade, nem é necessário acessar o interior de alguns lugares para notar a falta de higiene e de respeito para com o consumidor, mas o que mostrarei nem vai dar pra acreditar... aguardem...

     Aproveitando também o vergonhoso aumento no número de vereadores em Araraquara, contarei alguns “causos” bem curiosos envolvendo esta espécie de ser humano. Para adiantar pergunto: O que vinham fazendo de importante para a Cidade os vereadores e vereadoras que já estavam ocupando as cadeiras da Câmara? Quanto custará para a população este injustificado aumento no número de vereadores? Os vereadores estão cumprindo seu papel de fiscalizar o Executivo e fazer projetos para o bem estar da população ou estão simplesmente interferindo em assuntos de fiscalização, mudando nomes de ruas e ajeitando as coisas para quem lhes favorece politicamente sem pensar na população? Ainda estamos sem saber quantos são os "cargos de confiança" e quanto isso tudo está custando. Agora é que a conta vai ficar $$$$pesada$$$$. Cada novo vereador terá técnicos contratados, carro, combustível, cafezinho, churrasquinho... não se esqueçam das imagens do vídeo do Chapa Quente 9 no portal araraquara.com



Pense bem!!!

Obrigado e até a próxima...

4 comentários:

  1. Boa noite. Hoje encontrei uma taturana na minha amoreira. Para sorte minha havia uma explicação sobre ela no seu site, informando que ela é inofensiva. Em todo caso eu que já usava mangas compridas e chapéu, agora vou usar também luvas, quando for tratar e colher as amoras. Obrigada

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  2. Cara,tu é um ser especial neste mundo que não aceita estes seres maravilhosos.hoje achei uma dormideira e graças as tuas dicas ela voltou em segurança para o seu habitat,moro na beira de um rio e tem muita mata protegida ,e é lá que ela ficou.Minha coleção de nefilas ao redor do meu telhado me dão alegria de estar em união com a natureza.Parabéns Marcelo.

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