quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

“O que os olhos não vêem, o estômago não sente?” (e outros Causos)


vai um pãozinho aí?


IMPORTANTE: Todo o texto foi elaborado por mim tendo por base minhas experiências profissionais na área de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente. Os registros fotográficos também são de minha autoria. Quando houverem informações ou imagens de outras fontes, elas serão mencionadas. Não me oponho ao uso deste material parcialmente ou na integra para fins educativos ou para a confecção de trabalhos escolares, porém, por uma questão de respeito, peço que qualquer imagem ou trecho de textos retirados deste Blog mencionem o link:


Obrigado.


balcão de cozinha de restaurante de comida caseira
     Com a correria da vida cotidiana é cada vez mais freqüente que as pessoas não tenham tempo de cuidar do próprio alimento. Homens e mulheres levam uma vida cada vez mais cheia de tarefas. Além do trabalho (ou dos trabalhos), que tem por finalidade garantir a todos os meios para fazer parte deste mundo de consumo, novas tarefas roubam o tempo necessário para atividades como cozinhar, limpar a casa, etc.... Uma, duas, três... várias vezes por semana recorremos ao alimento feito em estabelecimentos comerciais dos mais variados ramos de atividade ou compramos coisas semi prontas e congeladas. É quase unânime que alguns temperos e conservantes utilizados nos alimentos nos causam enjôos, uma louca vontade de beber água, inchaço e é difícil manter o mesmo fornecedor por muito tempo. Mesmo nos lugares que afirmam fazer coisas naturais, light, diet e caseiras, usam-se muitos temperos prontos e coisas industrializadas.

máquina de dividir massa de pão
     Não bastasse isso, temos também que nos preocupar com as condições de higiene nas quais os alimentos que comemos são armazenados, preparados, servidos e consumidos. Pouca gente dá importância a isso. É estranho, mas já estive participando de interdições de estabelecimentos em que, mesmo vendo toda a falta de higiene que estávamos encontrando no local, alguns consumidores pediam: “dá mais um salgado deste”. E olha que era filme de terror – ratos ... baratas ... coisas vencidas ... muita sujeira!

     Não é hábito do brasileiro exigir seus direitos. Além disso, temos uma população que foi educada a olhar um político desviando dinheiro e se conformar dizendo: “todos eles roba, é assim memo, faze o que?”. Dentro deste quadro, poucos são os que se preocupam com as coisas que refletem em suas próprias vidas. E nisso incluo a alimentação. Quando entramos em alguns estabelecimentos como: restaurantes, lanchonetes, pizzarias, açougues, padarias, quitandas... bares... de cara já é possível notar se o local está bem cuidado ou não. Lugares sujos não conseguem disfarçar muito a sujeira, basta estarmos atentos. Em alguns restaurantes, a cor da porta que dá acesso à cozinha já pode dizer muito sobre o lugar. O chão, as paredes, o teto, a iluminação, os uniformes dos funcionários e, principalmente, o cheiro de alguns estabelecimentos desmascaram qualquer fachada cheia de coisas brilhantes, cromadas e sedutoras. Cheiros que sinto com freqüência são: cheiro de ratos, cheiro de baratas, cheiro de venenos, de esgoto e de coisas podres. E não é raro. Antes de escrever esta postagem, passei em 4 supermercados da Cidade para gastar meu mísero ticket. Observei em todos eles vários problemas. Os principais eram: falta de higiene e produtos expostos de forma inadequada (sem identificação ou fora de temperatura).
lixeira de cozinha de restaurante
reparem na quantidade de bigatos
     Falta de higiene é moleza de ver. Dê uma agachada e olhe por baixo das prateleiras, gôndolas e equipamentos... normalmente tem de tudo. Quanto aos cheiros... só sentindo mesmo. Agora, quanto aos produtos, fique atento. Coisas sem rótulos, fora de temperatura, vencidas... tudo isso é quase regra em todos os estabelecimentos de todos os lugares do Brasil em que já estive.
sujeira atrás de equipamento em lanchonete
fezes de ratos e baratas
     Pela Legislação brasileira, os produtos de interesse à Saúde devem possuir informações obrigatórias. São coisas como: nome do fabricante; endereço; CNPJ ou outro registro válido; se forem produtos de origem animal devem possuir carimbo de inspeção – SIF, por exemplo; modo de conservação, incluindo temperatura e condições de armazenamento e; data de validade... entre outros itens.
vai um churrasquinho aí?
     Quase todos os produtos com ingredientes de origem animal devem ficar refrigerados ou em estufa (aquecidos). As temperaturas necessárias variam de acordo com o produto. Para alimentos quentes, o ideal é uma temperatura acima dos 70ºC. Já os que necessitam de refrigeração podem exigir -18ºC para os congelados, 0ºC à 5ºC para um bacalhau salgado (pode prestar atenção na próxima compra. Nada de temperatura ambiente. Se o bacalhau estiver levemente rosado, passe longe) ou até 16ºC, como é o caso das margarinas.
moedor instalado em área externa de padaria
acessível para moscas e outros bichos
     Se você começar a prestar atenção em todas as coisas que te expõem ao consumo de microorganismos, coliformes fecais e outros bichinhos do mal, tendo consciência de que isso pode levar anos para te prejudicar (Sabe o cigarro e a bebida? São coisas que consumimos e que levam anos para repercutir em doenças, mas chegam lá. O consumo de alimentos contaminados também pode levar anos para prejudicar a saúde de alguém, mas chega lá). Um salgado de carne moída, você deixa fora da geladeira ou de uma estufa numa boa? Cuidado! Quando você entra em padarias ou mercados que expõem produtos deste tipo sobre balcões e mesas, a chance de haver uma carga microbiológica nociva à sua saúde é muito maior. A cada 20 minutos, algumas bactérias podem dobrar a população existente no alimento, principalmente em temperatura ambiente. Para isso é bom ter consciência também de que todo alimento possui uma carga de microorganismos, o fato é que nosso organismo reage e nos defende. O problema é começar a exigir que o organismo faça uma guerra por refeição... isso pode acabar com a sua qualidade de vida.
utensílios de pizzaria armazenados em local inadequado
local repleto de ratos e baratas
Causo nº. 01

Certa vez...   ainda com pouca experiência de Vigilância Sanitária, caminhávamos eu e um Fiscal de Obras por uma movimentada rua da Cidade. Num determinado ponto o cheiro de queijo ficou muito forte. Parei olhei para o lado e vi um caminhão estacionado. Havia um cara andando sobre a carga e algumas caixas na calçada. Quando olhei e comecei a entender o que estava acontecendo, a seguinte cena se construiu na minha frente:

     Um caminhão aberto estava repleto de queijo fresco (queijo mineiro). Eram caixas vazadas (como as caixas das quitandas) cheias de formas de queijo. As formas são abertas tanto por cima quanto por baixo. Por cima da carga – e por cima mesmo, sem nenhuma proteção – além do cara andando, havia gaiolas vazias (mas sujas), um vídeo cassete quebrado, baldes, uma escada, algumas cordas e outros objetos sujos. Na calçada umas 6 caixas com queijo, também diretamente no chão. Um outro cara se preparava para levar as caixas para dentro de uma casa ao lado de um estabelecimento que montava pizzas. Uma cena surreal, inacreditável.
este é o famoso queijo mineiro clandestino
uma delícia!!!
     Parei e perguntei ingenuamente: “Cara, o que é isso?”. O cara que estava sobre os queijos disse naturalmente: “é queijo, uai!”. Depois de muita discórdia, eles ainda tentavam me convencer que o queijo seria lavado antes de ser vendido e que esse era um procedimento comum.

     O queijo havia vindo de Minas Gerais até Araraquara num caminhão aberto, coberto apenas por uma lona e com vários objetos por cima. Os queijos das caixas armazenas por cima estavam marrons.

     Toda a carga foi enterrada por máquinas na Usina de Lixo. Na época, meus superiores, talvez numa forma de castigo, me fizeram ir até a Usina dentro do caminhão que eu acabara de apreender e junto com os dois caras. Da hora da saída do centro da cidade até a Usina, fui ouvindo várias propostas e ameaças. Um dos caras dizia: “Você num tem coração, cara...”. Como se ele, comercializando lixo para as pessoas, tivesse...

     Vamos direto à algumas fotos que exemplificam muito bem a total falta de respeito de alguns proprietários de estabelecimentos comerciais e de seus funcionários para com os consumidores (para conosco).
recheio de bolo com formigas
sabem aquele bolo formigueiro? este é um ingrediente original!
recheio de bolo
observem quanta sujeira dentro e reparem no cabo da colher
quantas vezes já caiu e foi pego de dentro do creme!?
tanque de lavagem de utensílios de restaurante
a máquina é um descascador (sujo) de batatas
maionese pronta para consumo
reparem que o fundo de todas as travessas tocam os alimentos
Causo nº. 02

Certa vez...   num renomado estabelecimento de frios e massas da Cidade, pela enézima vez havia uma quantidade considerável de queijo sem qualquer identificação e armazenado em condições inadequadas de temperatura (cerca de 45kg). Além da exigência legal sobre o ponto de vista da Vigilância Sanitária, isto também indica sonegação fiscal, que é prejuízo para toda a Sociedade. Sob o prisma da Saúde, não dá pra confiar em produtos que não se sabe de onde vem. Quem trabalha em Vigilância Sanitária sabe disso. Outro aspecto importante deste causo é que orientações sobre este tipo de problema já haviam sido feitas no local muitas vezes e por vários fiscais.

     Conversei com os proprietários, mostrei o número de vezes que este item já havia feito parte de folhas de orientação e até de autuações e optei por apreender e inutilizar as mercadorias, conforme preconizado na Legislação vigente naquela época. Liguei para meus superiores e solicitei o amparo de um veículo para o transporte das mercadorias até a Usina de Lixo. – Isto mesmo, ainda hoje muitas equipes de Vigilância Sanitária entram em ônibus para depois fazer vistorias nas áreas de manipulação dos restaurantes. Não há veículos... e certas vezes nem EPIs. – Como em quase todas as cidades brasileiras, Vigilância em Saúde não é prioridade. Desta forma, não havia nenhum veículo para tal atividade, notei também certa intenção de meus superiores em não facilitar meu trabalho. Resolvi interditar as mercadorias e busca-las no dia seguinte para o descarte. Fiz todos os documentos necessários – e são vários – e coloquei tudo em sacos pretos lacrados com lacres numerados. Nos documentos anotei informações quanto às responsabilidades civis e criminais no caso do consumo, comercialização ou ocultação dos produtos, tudo conforme a Lei.

     No dia seguinte, voltei acompanhado por mais um Fiscal e pela minha Técnica responsável na época(pessoas dedicadas ao trabalho que continuo admirando). Para nossa surpresa, assim que entramos notamos um casal passando no caixa com um queijo muito parecido com os que eu havia interditado. Entrei um pouco mais no estabelecimento e vi que quase todo o queijo e os outros produtos que deveriam estar interditados estavam de volta em seus lugares na área de venda.
ralo de cozinha de lanchonete
     Pedi imediatamente que chamassem os responsáveis pelo local. Todos os funcionários diziam que os responsáveis estavam fora da Cidade e que o “Vereador 1 havia sido chamado pelos responsáveis pelo estabelecimento para intervir no caso da apreensão. Segundo os funcionários, o “Vereador 1 teria ido ao estabelecimento durante à noite e teria pessoalmente rompido todos os lacres e sacos dos produtos, ajudado a coloca-los de volta na área de venda e informado que era só dizer pro Fiscal que ele (“Vereador 1) tinha autorizado vender aquelas coisas.

     Na hora não deu nem para acreditar, mas, como o “Vereador 1 era (e é) famoso por quebrar galho de pessoas que estão com problemas com a fiscalização ou com multas e tributos, achei a estória bem possível de ser verídica. De qualquer forma, meu trabalho no local não tinha qualquer relação com o “Vereador 1, muito pelo contrário. O comportamento dele está longe de colaborar com a Vigilância ou com as necessidades reais da População. Os únicos favorecidos em situações assim são os proprietários e o próprio vereador, que faz sua mediazinha, mesmo sendo seu ato danoso à População.

     Informei aos funcionários que se os responsáveis, ou seja, aqueles que haviam assinado os documentos não se apresentassem no local, eu seria obrigado a chamar uma viatura da Polícia Militar (e devo dizer: precisei chamar viaturas umas 4 vezes. Sempre foram super profissionais e atenderam com muita rapidez e eficiência os chamados – ainda bem!). Os funcionários começaram a fazer várias ligações até que me avisaram que os proprietários estariam ali em 30 minutos.
barata em padaria
     Enquanto aguardava, meu telefone tocou. Para minha surpresa era um  “Assessor de Gabinete da Prefeitura”. Me questionou sobre o que estaria ocorrendo e se haveria alguma forma de contornar aquilo. Expliquei tudo, inclusive o número de vezes em que as orientações relacionadas ao problema foram passadas por escrito aos responsáveis. Ele rodeou, dizia sem dizer ... até que perguntei: ““Assessor de Gabinete da Prefeitura”, o que você de fato quer que eu faça aqui?”. Ele então respondeu: “Não tem como deixar quieto isso aí? Numa próxima vez você toma a atitude que for necessária.” Respondi: “Esta é a atitude necessária desta vez. Se você quer que eu cancele algum documento ou alguma ação minha neste local, é só me mandar por escrito.” Ele rapidamente disse: “Eu não posso fazer isso!” Aí eu disse: “Ah! E eu posso? Um simples fiscalzinho!” Para concluir ele soltou uma pérola: “Desta forma você não ajuda em nada o nosso Governo.” Respondi: “Não sou pago para ajudar nenhum Governo, sou pago para fazer meu trabalho de fiscalização e meu público final é a População. Se você acha que proteger o causador de um problema recorrente que põem em risco à saúde das pessoas é ser contrário a um governo, você é que deveria estar fora do governo!” E não é?

     Os responsáveis chegaram e confirmaram a estória contada pelos funcionários. Reafirmaram a conduta lamentável e criminosa do “Vereador 1.

     Dois queijos haviam sido comercializados. Isso seria motivo para que as coisas ficassem mais complicadas para quem tinha assinado a papelada. Como ocorreu esta vexaminosa interferência por parte do “Vereador 1, optei por apenas descartar as mercadorias que estavam disponíveis, mas não sem esclarecer a importância de certos padrões de qualidade à pessoa responsável. Hoje, alguns anos depois, consumo neste local e noto não haver ressentimentos por parte dos proprietários, porém, um monte de mercadorias ficam expostas fora de temperatura e sem os rótulos... Devem ter mudado a lei.

Vamos a mais exemplos:
pão (do moreninho) em chão de padaria aguardando para ser colocado no balcão de venda
utensílios usados por confeiteiro em padaria
veneno inadequado colocado ao lado de estante de pães em padaria
prestem atenção no piso
balcão de lanchonete
além da sujeira... há canos de esgoto abertos
     Na maioria dos lugares, as Vigilâncias Sanitárias não são feitas para funcionar. A exigência legal e burocrática relacionada ao preenchimento de boletins e números de vistorias (produção) acaba sendo a única coisa feita dentro dos prazos (e olha lá!). A falta de prédios adequados para as equipes poderem trabalhar dignamente, de veículos para deslocamento, de equipamentos, de treinamentos e principalmente de motivação acabam culminando em vistorias mal executadas e funcionários entregando os pontos depois de dar muito murro em ponta de faca. O lado burocrático da fiscalização é muito penoso e torna o serviço limitado e engessado. Associado a tudo isso estão os grandes ocultadores da verdade. Muitos dos cargos de chefia das Vigilâncias e de qualquer outro órgão público estão sujeitos a serem ocupados (ou usurpados) por políticos profissionais ou por funcionários de carreira que recebem o cargo por indicação ou apadrinhamento político e não têm condições técnicas de trazer bons frutos para o trabalho. Muitos destes profissionais de carreira estão lá apenas para cumprir ordens de seus superiores e assinar qualquer coisa. Fazem futriquinhas, como nas novelas. (Além, é lógico, de aliviar a barra de donos de estabelecimentos e pessoas em desacordo com a Legislação) e para pressionar qualquer um que tente ir contra esta maré de desrespeito, marasmo e conformismo.
paredes acima de balcão de lanchonete
formas de padaria no chão em área externa
o local era uma casa adaptada para padaria - sem condições
Causo nº. 03

Certa vez...   recebemos uma notificação de uma funcionária que prestava seus serviços técnicos em uma instituição filantrópica. O problema era relacionado aos pombos que haviam invadido o local. Fomos ao imóvel e notamos que de fato o problema era sério. Tratava-se de uma instituição que atende crianças portadoras de graves deficiências. Algumas faziam uso freqüente de medicamentos que tornam o sistema imunológico menos resistente. Para quem pesquisou sobre a Criptococose, deve saber que os imunodeprimidos são os mais vulneráveis. Mas a situação era muito mais grave. No prédio havia vários pontos onde os esgotos estavam abertos e muitos criadouros de mosquitos em lajes, calhas e recipientes.

     Como já esclareci em postagens anteriores, quase todas as pragas urbanas e espécies da fauna sinantrópica são evitáveis com procedimentos de vedação e limpeza. Mesmo sendo uma edificação grande, com boa vontade, é possível gastar pouco dinheiro e resolver os problemas.
fezes de aves e de roedores em vitrô de área de manipulação de padaria
     Depois de fazer toda a vistoria e os registros fotográficos necessários, tornamos a procurar a pessoa que havia solicitado o atendimento. Esclarecemos todas as situações existentes no local e informamos que faríamos um relatório e uma ficha de orientações. Questionamos então quem eram os responsáveis. Para nossa surpresa, era o “Vereador 2.

     O local estava muito ruim, inviável para a atividade a qual se propunha e, de acordo com pessoas que estavam no local, o “Vereador 2 estaria fazendo uso do prédio para reuniões de seu partido e pessoas do partido estariam fazendo uso dos telefones da instituição para fazer contatos com correligionários de vários outros municípios e estados. Haviam mesmo muitas listas telefônicas de várias localidades na Instituição.
fezes de pombos em cozinha de restaurante
     Nosso problema no local relacionava-se tão somente com as questões de Saúde inerentes às condições precárias do imóvel. Obviamente que, apesar de ser comum, este tipo de situação envolvendo políticos chega a embrulhar o estômago.

     No dia seguinte elaboramos o relatório citando os problemas e solicitando prazos para as adequações. Foi tudo dentro de normas razoavelmente aceitas pela Legislação. (Sempre se observam as condições das pessoas, os tipos de atividades ou os tipos de estabelecimentos para tentar ponderar as condições de resolução dos problemas). O problema é que os prazos não foram cumpridos e a fiscalização foi passada para outra equipe. Claro que o local está totalmente ... totalmente ... ( ... resolvi fazer suspense ... ) ... totalmente ... igual ou pior do que estava. O mais cruel é ver em outdoors que, vez ou outra, o “Vereador 2 divulga seu nome junto das campanhas beneficentes da instituição. Que absurdo!


Vamos ver mais umas imagens...
cozinha de lanchonete - local totalmente aberto (e famoso)
marcas do acesso de ratos em açougue de mercado
grelha de cozinha de restaurante
Causo nº. 04

Certa vez...   ainda novo na Vigilância, fui fazer uma vistoria num bar que há muito tempo não renovava seu alvará. Quando cheguei em frente ao local e vi as condições do lado de fora... já fiquei bastante preocupado. Entrei, aí piorou. Me apresentei a um senhor de uns 75 anos com a barba mal feita e a roupa encardida que estava atrás do balcão, fui ao banheiro lavar as mão e notei que não havia sabão, papel, toalha, higiene e nem água. Ainda assim, me paramentei na porta do banheiro cujos azulejos eram poucos ainda cimentados nas paredes. O cheiro de urina era forte e o vaso sanitário estava bem feio de ver. Enquanto me paramentava olhei para as prateleiras e só vi cachaça. Muitas garrafas empoeiradas de cachaças vagabundas. Sobre o balcão um pote com salsichas (esverdeadas) em conserva, alguns torresmos numa estufa e uma coxinha visivelmente murcha. O chão de todo o boteco estava sujo, cheio de papéis e tampas de garrafas. O forro era de madeira e, quando olhei melhor para cima, fiquei com medo que caísse sobre minha cabeça ou que alguma das aranhas pudesse me aprisionar em teias que deveriam ter mais de uma década ali. Pedi licença e fui para trás do balcão. Nas prateleiras do balcão havia muitos jornais velhos, pedaços de limão já espremidos, copos sujos, garrafas abertas, baratas, poeira e umas calabresas defumadas (que, com um limãozinho ficam uma delícia!).
caixa de gordura de cozinha de restaurante
     Achei que não poderia piorar e cai na besteira de perguntar: “Quem fornece salgados e torresmos para o senhor?”. E ele respondeu: “Ninguém, faço tudo aqui mesmo.” Afirmei: “Mas aqui não tem cozinha.”. e ele disse: “Tem sim. A gente entra pela porta ao lado e tem um salão bem grande aqui atrás.”. Confesso que meu estômago gelou. Percebi que as coisas poderiam piorar...

     Fomos ao tal salão. Era grande mesmo. Maior que todo o bar. Por todo lado haviam coisas quebradas, jogadas e muita poeira. Havia entulhos e muitos papéis e sacolas. Parte do forro já havia caído, aí deu pra ver que perigava do telhado todo vir abaixo. No meio disso tudo vi um fogão bem engordurado com umas panelas. Pensei comigo: “Só falta ser ali o preparo do torresmo!?”. Acho que ele leu meus anseios e disse: “É neste fogãozinho que preparo as coisas.”
depósito de supermercado
     Voltamos para o bar e eu nem sabia por onde começaria minhas orientações. Aquele senhor não tinha nenhuma noção de higiene e de Vigilância. Anos e anos fazendo daquele jeito.

     Peguei um banco, puxei até o balcão, coloquei meu bloco de orientações sobre o balcão e comecei a escrever. Deve ter dado um punhado de itens com prazos bem variados, indo do imediato aos 6 meses. Expliquei tudo detalhadamente ao proprietário e disse que não haveria como renovar seu alvará sem que aquelas coisas fossem concluídas. Além dos itens relacionados à higiene e à proibição de manipular alimentos ali no estabelecimento, acabei pedindo reforma do telhado, do forro, do piso e dos azulejos, do banheiro, da pia... Ele me dizia: “Não sei se vai dar pra fazer tudo isso.”. Convidei-o a atravessar a rua e olhar para seu próprio estabelecimento. De frente para o bar eu perguntei: “Tá feio, num tá? Deve ser o bar mais feio da Cidade!”. Ele então sorriu e disse: “Vamos ver o que eu consigo fazer.”.
verduras em depósito de supermercado
o piso estava repleto de urina e fezes de ratos
     Nem quis conferir os itens de menor prazo, deixei tudo para 6 meses. Um belo dia, conferi minha agenda e vi que naquela semana venceria o prazo de 6 meses. Comecei a preparar o espírito para voltar ao local. Imaginei que muito pouco estaria feito e que infelizmente teria que tomar atitudes mais desagradáveis naquele estabelecimento. No dia em que o prazo venceu, reuni minhas forças e fui a pé e lentamente para o bar. Quando cheguei, já observei que o reboco da fachada estava reformado. Ainda assim fiquei desconfiado e esperando o pior. Subi os dois degraus e passei para dentro do bar. Olhei para o piso e vi um piso novo, simples, mas novo. Olhei para cima e vi que o forro havia sido trocado por um novinho de pvc. Olhei para o proprietário com entusiasmo e disse: “Pelo jeito o senhor fez tudo.”. E ele disse: “Não deu tempo de pintar. O prazo já venceu?”. Afirmei que sim, mas que não havia problema. Ele poderia concluir depois. Fui ao banheiro para lavar as mãos e tratava-se de um banheiro novo, todo azulejado e com tudo funcionando. A toalha de mão tava meio trash, mas, diante de tudo aquilo que eu via... isso não era nada.
confeitaria
     O boteco estava bem mais organizado também. Ele removeu a poeira e todos os lixos e tralhas que só estavam atrapalhando. Até no salão dos fundos a reforma havia sido feita e o fogão era usado só para fazer café.

     Minha alegria era tanta que agradeci ao proprietário por seu comportamento surpreendente. Tanto que quase deixei de observar alguns detalhes que nunca mais sairão de minha cabeça... Enquanto tirava o avental e a toca, olhei para cima do balcão e vi um pote com salsichas em conserva, iguais àquelas esverdeadas do começo deste causo. Tive a curiosidade de abrir e cheirar o pote. Fedia carniça misturada com vinagre, alho e cebola. Tava terrível. Pedi ao senhorzinho que cheirasse e saiu lágrima dos olhos dele, de tão ruim que estava aquele treco. Informei que tínhamos que jogar aquilo fora, por no lixo. Ele rapidamente agarrou o pote e foi para o banheiro. Não entendi, achei que fosse o único cesto de lixo disponível, mas não, era bem pior. Ele jogou todo o conteúdo do pote no vaso sanitário e começou a dar a descarga. As salsichas rodavam e rodavam dentro do vaso, mas não iam embora. Depois de algumas tentativas, ele se cansou e pegou com as duas mãos todas as salsichas que estavam no vaso sanitário e colocou-as de volta no pote. A cena era das mais bizarras e ainda iria ficar um pouco mais... De posse do pote o senhorzinho foi para a rua e colocou as salsichas no pé de uma árvore pra que os cães pudessem comer. Fiquei apenas olhando. Sem lavar as mãos ele veio em minha direção e disse: “Pronto agora tá tudo resolvido.”. E estendeu a mão para se despedir. Não tive como fugir dessa e dei a mão para ele. Ele pegou o pote vazio e colocou na pia do bar. Continuei apenas olhando e não resisti, tive de perguntar: “O senhor vai fazer mais salsichas?”. E ele disse: “Vou, daqui a pouco vou buscar mais, o pessoal gosta de tomar umas comendo alguma coisinha.” Então eu disse: “O senhor vai usar o mesmo pote?”. E ele respondeu: “Vou, mas pode ficar tranqüilo que vou lavar bem direitinho antes.” Expliquei mais algumas coisas, descartamos o pote e fui embora rindo sozinho...
fundo de refrigerador em restaurante
gaiola suja em cozinha de boteco
     Num local simples ... com um senhor de idade (e simples) ... as coisas, mesmo de forma muito estranha, aconteceram. Não somente eu estava feliz... era nítido o sentimento de orgulho daquele senhor em ter dado conta de seu compromisso. Muitos lugares bacanas e com recursos para oferecer higiene e qualidade aos consumidores fazem da produção de alimentos um mero instrumento para o lucro. Desta forma, exploram seus funcionários – que aceitam trabalhar em lugares cheios de ratos, mofados e sujos – e lesam o consumidor – que, no Brasil, está muito longe de fiscalizar seus interesses e direitos.
vestiário de restaurante
deveria ser limpo e ter armários
     Nos causos que contei foram apontadas as participações lastimáveis de políticos tentando interferir em questões de fiscalização que colocavam em risco a Saúde da População.

     De qual lado está esta gente? Tanto o proprietário de um estabelecimento que procura um político para ajuda-lo a burlar a lei quanto o político que se coloca a fazer tal papel estão prejudicando diretamente seus consumidores e eleitores respectivamente. Não seria papel de um vereador saber como andam as fiscalizações em seu Município e lutar para que as normas sejam cumpridas e as equipes tenham condições de trabalho? Afinal eles formulam as Leis e depois querem boicota-las!? Estranho!!!
depósito de restaurante
     Temos também os vereadores sempre citados por donos de terrenos, casas abandonadas, áreas invadidas e todo tipo de coisa danosa à População. São os “quebra multa” ou “quebra galho”. Se você está com seu imóvel ou estabelecimento limpo e não causando problemas à ninguém, você não precisa pedir favorzinhos. Agora, mais feio que pedir o favorzinho, principalmente se você está errado, é o político profissional fazer o favorzinho... é o fim da picada!!! (ou, se o favorecido for o dono de imóvel com criadouros de mosquito, é o começo da picada!!!).
esgoto entupido em restaurante
o local fedia merda e foi interditado
     Pelo que sei, os vereadores e os políticos profissionais “pendurados” nas Administrações Públicas deveriam primar pela população, mas nitidamente não é isso o que acontece. Os vereadores deveriam também fiscalizar o executivo, ou seja, a forma como um ou outro Governo estão fazendo as coisas. Quanto a isso, nem preciso me estender muito. O Prefeito manda, os vereadores aprovam... esta é a regra. Quem hoje parece ser contra... amanhã parece ser a favor. Vale tudo, desde que o pessoalzinho saia no lucro.
fezes de ratos atrás de churrasqueira de restaurante
     Infelizmente, em Araraquara, não bastasse a falta de produção e de importância efetiva dos vereadores em cumprir seus papéis, aumentaram o número de vereadores... e dizem que gastarão menos. Deve ser a tal “matemágica”. A “matemágica” é um tipo de matemática muito utilizada por políticos para esclarecer seus números bizarros para a População desatenta. Através da “matemágica” é possível justificar: os próprios aumentos de salários; as contratações de assessores; as viagens; os almoços; os contratos zilionários com empreiteiras e fornecedores... E quase todos os absurdos possíveis... inclusive os churrasquinhos e outras baladinhas picantes.

     Pense bem antes de dar seu voto para qualquer malandro oportunista por aí e observe melhor as condições dos lugares que você freqüenta para comer ou para comprar seus alimentos. A População parece estar dormente diante do nível das pessoas que estão se elegendo para todos os cargos políticos. Não param para pensar se o candidato tem condições de trabalhar com Leis e com dinheiro público. Não dão à mínima para a forma como os favores políticos são pagos, para quanto isto custa e de onde as verbas são desviadas... Não importa se sai da merenda das crianças ou do remédio dos doentes... até quando?
esgoto aberto em cozinha de restaurante
     Como disse na postagem anterior, há Leis que garantem ao consumidor conhecer os estabelecimentos que frequenta (sejam restaurantes, padarias, lanchonetes...). Permitir o acesso do consumidor às áreas de manipulação é obrigação. Há Leis também que obrigam as Vigilâncias a tornarem suas ações públicas, desta forma parte do que acontece é publicado em algum jornalzinho de circulação local, em letras pequenas, junto aos atos oficiais... para ninguém ler (e ver) mesmo. O que posso garantir, tendo como base minhas experiências profissionais, é que há bons lugares para se fazer uma boa refeição, porém são poucos os que mantêm um padrão razoável. O melhor, quando não for possível fazer o seu próprio rango, é buscar conhecer e prestar muita atenção nos locais que você costuma pedir sua comida ou fazer suas compras. Existem sérios riscos para a sua saúde e para a saúde da sua família em locais que não cuidam da higiene e dos procedimentos de manipulação de alimentos. Tome cuidado e seja exigente. No caso de dúvidas consulte a Vigilância Sanitária de seu Município ou denuncie diretamente aos órgãos de defesa do consumidor (PROCON / CODECON). Se você se sentir prejudicado ou lesado, ações podem ser revertidas em indenizações e os responsáveis podem responder civil e criminalmente por crime contra o consumidor.
gaveta de pista quente de alimento
além do veneno, há fezes de ratos e baratas
badeja de salgados
segundo os funcionários não havia outro lugar para coloca-los...
bancada de fábrica clandestina de torresmos e pururucas
torresmo grudado em parede atrás da fritadeira
local bom para gravação de episódio dos jogos mortais...
     Na próxima semana, não haverá nenhuma postagem. Tentarei melhorar os recursos visuais e a diagramação do Blog.

Para consultar a Legislação ou buscar mais detalhes:





quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COBRAS, ARANHAS E TATURANAS...

Depois de tratar dos assuntos relacionados aos bichos mais comuns de serem encontrados dentro de uma cidade, darei continuação ao assunto falando de bichos que também aparecem no perímetro urbano. Alguns podem representar risco de acidentes ou de prejuízos à Saúde. Na postagem anterior foram os ratos, carrapatos, escorpiões amarelos e os caramujos africanos os alvos das explicações. Desta vez serão as taturanas, as cobras e as aranhas.

Taturana = Borboleta
De início devo lembrar que fomos educados para temer bichos perigosos e quem nos ensinou, via de regra, é alguém sem referências para diferenciar uma cobra ou aranha inofensiva de uma venenosa. A maioria das pessoas acredita que toda cobra e toda aranha são perigosas. Não é bem assim. Grande parte dos bichos que são esmagados e picados por facões, enxadas, pedaços de pau, vassouras... são completamente inofensivos, dóceis e de fácil manipulação. Obviamente que, para quem não é do ramo, o medo é a primeira reação.

Acredito que nesta postagem você não se tornará um expert no assunto, mas dará pra impressionar muita gente com coisas bem simples que vocês verão através de belas imagens destes lindos e peculiares bichos. Como já venho fazendo, não me aprofundarei em questões técnicas relacionadas aos bichos, estas informações estarão disponíveis à quem se interessar nos links indicados no texto.

Obrigado e boa leitura!!!!


IMPORTANTE: Todo o texto foi elaborado por mim tendo por base minhas experiências profissionais na área de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente. Os registros fotográficos também são de minha autoria. Quando houverem informações ou imagens de outras fontes, elas serão mencionadas. Não me oponho ao uso deste material parcialmente ou na integra para fins educativos ou para a confecção de trabalhos escolares, porém, por uma questão de respeito, peço que qualquer imagem ou trecho de textos retirados deste Blog mencionem o link:


Obrigado.


Cobras

Quando falam de cobras muitos acham que toda cobra é uma jararaca. Muitas pessoas que se dizem entendidas do assunto identificam as dormideiras e várias outras cobras inofensivas como sendo jararacas. Quando uma pessoa se depara com uma cobra de coloração viva em tons de vermelho, preto e branco, ela logo acha ser uma coral verdadeira. Para a surpresa de muitos, corais verdadeiras são bem raras de se encontrar próximo do perímetro urbano, e mesmo em áreas rurais, aparecem bem pouco. Um número enorme de falsos corais é morto por parecer com as corais verdadeiras. Aquilo que deveria servir para espantar predadores, ou seja, a utilização das cores de um bicho venenoso para dar alerta, representa a morte destas lindas cobras quando num encontro com o ser humano.

A recomendação dada para quem se depara com uma cobra no perímetro urbano é a seguinte:

Se a cobra apareceu em seu quintal, em seu local de trabalho ou em outra área com circulação de pessoas e animais domésticos, não é legal que ela fique por ali. Apesar do pânico de certas pessoas, o melhor a fazer é tentar captura-la. Tanto você pode imobilizar a cabeça do animal usando um rodinho ou algo firme (com cuidado para não machuca-lo!) e direciona-lo a entrar em uma garrafa ou recipiente que possa ser fechado. Outra maneira é tirar a cobra do chão. Você já tentou saltar sem estar com os pés no chão? Imagine uma cobra. Ela perde toda a reação. Geralmente deve-se pega-la pela metade anterior (parte da frente, próximo ao meio da cobra) com um gancho, um graveto ou um rodinho mesmo, e coloca-la num recipiente, conforme descrito acima. Lembre-se de furar o recipiente e de coloca-lo em local fresco até que seja recolhido pelo Corpo de Bombeiros, pelos profissionais de Vigilância em Saúde de seu Município ou seja levado até a Unidade de Saúde mais próxima. Se você não se sentir com confiança para fazer uma destas coisas, há outras soluções. Uma é jogar um pano úmido sobre o bicho, colocar pesos ao redor para que ele não consiga fugir e chamar o atendimento. Outra opção é sair gritando e correndo pela rua. Talvez seus gritos assustem a cobra e ela vá embora sozinha. (brincadeira!).

    Se a cobra for venenosa, deve ser encaminhada ao Instituto Butantan ou ao CEVAP da UNESP de Botucatu. Nestes locais, além de importantes pesquisas envolvendo as substâncias que as cobras injetam ao picar, pode-se produzir soro antiofídico, fatos que dependem dos animais vivos produzindo veneno regularmente. Além disso, estes Institutos de Pesquisa têm condições de reintroduzir os bichos na natureza em locais apropriados.

       Agora, se for uma espécie inofensiva, o exemplar deverá ser solto pelos profissionais habilitados em local adequado. De preferência em reservas de preservação permanente ou áreas de mata ciliar, seguindo-se alguns critérios previstos em lei.

    Estes procedimentos de captura e envio de espécies sinantrópicas e peçonhentas são praticamente os mesmos se o bicho for uma aranha, um escorpião ou outro qualquer que você queira encaminhar corretamente.

    Muitas pessoas acham que os animais entregues são sacrificados. Isto é um grande equivoco. Primeiro porque estamos falando de animais silvestres, portanto é crime aprisionar ou matar um bicho destes sem as devidas autorizações e licenças. Em segundo lugar, animais peçonhentos entregues vivos podem significar a disponibilidade de soro para pessoas acidentadas. Portanto, ao encontrar com um bicho supostamente perigoso, não fique em desespero, tente fazer o possível para não mata-lo ou machuca-lo e se possível tente encaminha-lo corretamente. É curioso que muitas pessoas se sintam seguras para matar estes bichos e não para captura-los.


dormideira - muito confundida com jararacas
    São muitas as ocorrências da presença de cobras em áreas rurais. Os mais acidentados ainda são aqueles que trabalham ou transitam nestas áreas. Ao se deparar com uma cobra ou com qualquer outro bicho próximo de áreas de reserva, beira de rios, e locais que representem o habitat destas espécies, o comportamento não é o mesmo daquele recomendado na cidade. Dependendo do lugar, a melhor coisa a fazer é desviar do bicho ou afasta-lo para dentro da mata novamente. Estando em seu habitat, seria muita maldade um ser humano captura-lo e manda-lo para outro lugar. A única exceção à esta regra é no caso de acidentes, ou seja, se alguém levar uma picada de uma cobra fazendo uma trilha ou trabalhando na área rural, a cobra deverá, se possível, ser capturada viva e levada ao local de atendimento, isto pode facilitar o tratamento e a aplicação do soro mais adequado.

   Das cobras que podem causar acidentes de importância médica mais encontradas na região central do Estado de São Paulo, destacarei apenas as de maior freqüência. O que seria legal de vocês guardarem são as características das cobras inofensivas. Só para se ter uma idéia dos absurdos oriundos do conhecimento popular em relação às cobras, vou citar um exemplo: As cobras cegas são descritas como serpentes super venenosas e que podem picar pelos dois lados, isto mesmo, elas teriam duas cabeças, uma em cada extremidade do corpo. Dizem também que ela é muito difícil de picar alguém, mas se acontecer.... já era! A verdade é que as cobras cegas são classificadas pela maioria dos pesquisadores como lagartos ápodos, ou seja,  lagartos sem patas. Em algumas espécies chega a existir uma protuberância no local onde seriam as patas. Desta forma, as perigosíssimas serpentes de duas cabeças não passam de lagartixas com corpos de minhoca, sem qualquer risco ao ser humano. E saibam que as pessoas esmagam várias por aí...

Jararacas

      A espécie de jararaca mais comum na região em pauta são as caiçacas, seguidas das jararacas, dos urutus e dos jararacuçus. Todas são bastante venenosas e responsáveis por vários acidentes. São animais rápidos e geralmente fogem do ser humano ou, em último caso, armam o bote pra proteger seu território. O melhor é passar longe. Não são cobras fáceis de capturar, são muito ligeiras e mesmo fora do chão tentam fugir.

Caiçaca
Bothrops moojeni

fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
filhotes de caiçaca em garrafa de plástico
Urutu Cruzeiro
Bothrops alternatus
Rhinocerophis alternatus (nova classificação)


Jararaca (jararaca mesmo)
Bothrops jararaca
Bothropoides jararaca (nova classificação)


fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
Jararacuçu
Bothrops jararacussu


fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
Cascavel
Crotalus durissus terrificus
Caudisona durissa terrificus (nova classificação)


fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
            Não é à toa que as cascavéis possuem um guiso (ou chocalho se preferir). Ao perceber a aproximação de um bicho que possa representar perigo para ela, ela dispara o alarme. Faz barulho para avisar: “estou aqui, passe longe se não quiser problemas”. E é bom ouvir o recado e desviar. Diferente das jararacas, são cobras bem mais fáceis de capturar, geralmente, quando retiradas do chão, ficam sem qualquer reação. Enquanto uma jararaca tenta fugir, uma cascavel se enrola e arma o bote.

Coral (verdadeiro)
Micrurus lemniscatus

fonte: apresentação Prof. Dr. Rui Seabra - CEVAP-Botucatu
coral verdadeiro - mãos do grande mestre Torres
        São cobras bem difíceis de encontrar em nossa região. Como seus dentes são mais para dentro de suas bocas, é mais difícil ela inocular veneno na mordida, mas, quando acontece, é um acidente sério. São cobras muito sensíveis ao ambiente e não é fácil transporta-las com vida. São bem mais frágeis que as cascavéis e jararacas. Uma das formas mais rudimentares de se identificar se o coral é verdadeiro é observar se a distribuição de cores é regular e se os “anéis de cordão a volta toda no corpo da cobra de forma simétrica. Os falsos corais, quase sempre, possuem a parte de baixo esbranquiçada ou os anéis de cor são disformes e não se fecham perfeitamente ao redor da cobra. Algumas espécies não passam muito do tamanho de uma minhoca, ainda assim são amassadas pelas pessoas.

Primeiros Socorros em caso de acidentes

1 – É importante que a pessoa acidentada mantenha a calma e evite esforços físicos;

2 – Consultar imediatamente nos telefones de emergência o local de atendimento para este tipo de situação, um local com soro disponível. Geralmente, o atendimento é feito por unidades do SUS – Pronto Socorro ou Atendimentos de Emergência;

3 – Lavar o local da picada com água e sabão ou detergente neutro;

4 – Não  fazer torniquete ou garrote no membro picado, pois poderá agravar o acidente, aumentando a concentração do veneno no local e podendo causar a amputação do membro picado;

5 – Não fazer perfurações ou cortes no local da picada, isto pode aumentar a chance de hemorragias ou infecções por bactérias;

6 – Evitar curandeiros e benzedores, lembrando que o rápido atendimento em um hospital é fundamental para a reversão do envenenamento;

7 – Não ingerir bebidas alcoólicas ou qualquer outro líquido diferente de água até chegar ao local de atendimento médico. Algumas pessoas chegam alcoolizadas no atendimento e isso dificulta a identificação dos sintomas;

8 – Se possível, levar a serpente causadora do acidente pra facilitar o diagnóstico e o tratamento.

Prevenção de acidentes

1 – Sempre que for fazer trilhas ou percorrer áreas de mata ou beira de rio, faça isso devidamente calçado. Cerca de 80% das picadas acontecem do joelho para baixo, sendo 50% no pé. O uso de botinas e botas resistentes previnem muito mais que tênis e calçados abertos;

2 – Evite acúmulo de materiais, objetos e equipamentos (lenhas, entulhos e lixos) encostados ou próximos a moradias humanas;

3 – Use luvas de couro ao mexer com coisas armazenas no quintal ou em locais com muita vegetação;

4 – Preste atenção ao chão e no caminho que faz ao percorrer trilhas e evite andar fora delas;

5 - Evite fazer trilhas durante a noite, pois é o horário de maior atividade das serpentes venenosas;

6 – Ao encontrar uma cobra, avise as pessoas que estejam com você onde ela se encontra e procure desviar dela. Lembre-se de que ela está em seu habitat natural e é você o invasor.

5.000.000 de pessoas são picadas anualmente 
em todo o mundo
aproximadamente a metade fica com lesões 
ou seqüelas
cerca de 125.000 morrem

As causas dos óbitos costumam ser:

Falta do soro (antiveneno) específico;

Retardo na sua administração;

Uso incorreto do soro.

As imagens que não foram feitas por mim foram obtidas da apresentação: ATUALIDADES EPIDEMIOLÓGICAS, PRIMEIROS SOCORROS E PREVENÇÃO DE ACIDENTES OFÍDICOS realizada no I CONGRESSO REGIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE em Setembro de 2010 pelo Prof. Dr. Rui Seabra Ferreira Junior – Pesquisador – CEVAP / FMB – UNESP – Botucatu – rseabra@cevap.org.br a quem agradeço pelas dicas dadas naquela oportunidade.
            A seguir temos algumas imagens de cobras inofensivas que aparecem com mais freqüência no perímetro urbano. Quando digo inofensivas não quero dizer que elas não mordam se forem molestadas ou agredidas, quero dizer apenas que não possuem veneno de importância médica.

Tipo de falso coral
falso coral de barriga branca
repare a falta de simetria dos anéis coloridos
falso coral
os anéis coloridos não coincidem
falso coral - anéis assimétricos
animal grande
dormideira - fica imóvel quando tocada
cobra verde - grande e rápida
sobe em árvores com muita habilidade
cobra capim
em algumas épocas do ano ficam com a coloração mais viva (alaranjado)
jibóia - animal grande
não possui veneno, mas a mordida é forte e dolorida
jibóia em bueiro - perímetro urbano
jibóia sendo solta em área de reserva natural
     Alguns links podem suprir a curiosidade de quem quiser saber mais sobre o assunto:


Aranhas

            Motivo de grande fobia para muitas pessoas, a maior parte das aranhas encontradas nas cidades são inofensivas ao ser humano ou de acidente muito raro. Acontecem também acidentes com espécies que não são de importância médica, ou seja, não possuem substâncias que causam danos à saúde do acidentado, apenas dor local.

            Nos filmes, adoram utilizar enormes aranhas caranguejeiras andando sobre o mocinho ou a mocinha de estórias de aventura. Pois é, justamente as caranguejeiras que são dóceis e não possuem veneno de importância médica acabaram sendo tachadas como bichos horripilantes e super perigosos. Então lembre-se: aranhas grandes e cheias de cerdas não são necessariamente perigosas, muito pelo contrário, o maior número de aranhas encontradas com estas características nas cidades são de diversas espécies de caranguejeiras.

            Três são os tipos de aranhas perigosas que predominam na região central do Estado de São Paulo: Aranha Armadeira (Phoneutria e em nossa região Phoneutria nigriventer que quer dizer: assassina de barriga preta), Aranha Marrom (Loxosceles e em nossa região: Loxosceles gaucho) e a Viúva Negra (Latrodectus e por aqui: Latrodectus geometricus). Vamos ver estas primeiro e depois guardar bem as características das inofensivas, OK?

Aranha Armadeira

            Trata-se de uma aranha grande e rápida que pode se projetar até 40cm num salto. Além de muito dolorida, a picada de um bicho destes pode levar uma pessoa adulta a óbito.

            Bastante freqüente nas periferias, principalmente nas proximidades com áreas verdes como beiras de rio e bosques. São de hábito noturno como quase a totalidade das aranhas. Ao contrário de outros bichos que são mais ativos no calor, as armadeiras ficam menos discretas no inverno, época em que é mais fácil se deparar com uma numa edificação ou de sofrer acidentes. Um dos nomes populares delas é: aranha de bananeira. E não é à toa. É muito comum usarem a folhagem seca de bananeiras para se abrigarem. São mais freqüentes os acidentes com trabalhadores rurais ou pessoas que transitam por estas áreas. De qualquer forma, o ser humano, como grande causador de problemas para este Planeta que é (ou melhor, que somos!), cria condições propícias para que estas e outra aranhas e bichos diversos gostem de ficar por perto de casas e nos terrenos. Tanto o excesso de mato quanto a deposição de lixo, entulho e podas de vegetação de forma desordenada e equivocada por parte dos mais variados segmentos possíveis da população (comércio, indústria, cidadãos, órgãos públicos... todo mundo) acaba favorecendo a proliferação de pragas e espécies da fauna sinantrópica, o que é prejuízo para a própria população dos mais variados segmentos novamente, ou seja, já que estamos falando também de cobras nesta postagem: “É a cobra se comendo pelo rabo”.

Não é difícil identificar uma aranha destas, observe o seguinte:

1 – aranha de grande porte e de coloração escura em tons de cinza, preto e marrom;

2 – quando em descanso, ao invés de se encolher, como a maioria das aranhas de grande porte, elas “se esticam”, ou seja, projetam as patas dianteiras para frente juntando duas de cada lado e as patas traseiras para trás, também unidas em pares;

3 – Quando cutucada ou incomodada, elas se levantam e ficam de frente para o que pretendem atacar, daí o nome armadeira, elas armam o salto e o bote. Ao se levantar, juntam as patas dianteiras duas de cada lado, deixam claro uma visível variação de cores claras e escuras nas patas dianteiras (são listradas) e fica visível também o motivo do nome barriga preta. A parte debaixo da aranha é bem escura;

4 – No abdômen, ou, se preferir, na bunda das armadeiras há marcas que dividem ao meio o abdômen da aranha. São como se fossem pequenos desenhos de gotas enfileiradas lado a lado em pares que vão do início até o seu final do abdômen. Nas fotos vai ficar tudo bem claro...;

5 – Elas fazem um movimento rítmico com as patas dianteiras de um lado para outro;

6 – Ela pula. E pode pular meio longe, fique esperto(a)!!!!!!

Aranha Marrom

            Já comum dentro de casas em alguns Municípios brasileiros, na região central do Estado de São Paulo ainda pode-se dizer que este é um bicho mais relacionado com a vida no campo, porém, cada vez mais, encontram-se aranhas marrons nas proximidades de edificações das áreas de transição urbano-rural e de periferia, principalmente no entulho e nos locais mal zelados pela população, pelos proprietários e pelo poder público.

            Não é uma aranha grande e nem tem cerdas. Chega até a lembrar um pouco aquelas aranhas pernudas que estão sempre em algum canto de nossas casas. Mas calma, esta também é uma aranha meio fácil de reconhecer (mais ou menos).

aranha marrom
observe a teia característica
     É uma aranha rápida que gosta de ficar embaixo de coisas como madeira, telhas, folhas... Não faz aquelas teias que sempre associamos às aranhas (bonitinhas e geométricas). A teia destas aranhas parece um lençolzinho sobre o chão, ou um algodão meio esticado sobre a base que a prende. Geralmente a aranha marrom fica debaixo desta teia esquisita.

aranha marrom - cerca de 2cm
     Os acidentes ocorrem quando esprememos uma aranha destas contra o corpo ao encostar em algum lugar ou colocar uma roupa onde ela veio se abrigar. Não se trata de acidente dolorido, dizem ser parecido com tomar um encostão de um cigarro aceso. Por outro lado o que se sucede ao acidente é muito feio de ver e pode matar um ser humano adulto ou comprometer gravemente seu rim. No local da picada é comum ocorrer perda de tecido (gangrena).

Viúva Negra

     Apesar do nome, a espécie que ocorre em nossa região é a Latrodectus geometricus, que, para a surpresa de muitos, de negra não tem é nada. Ela é bem clara (meio amarelada) e não é grande.

     Sua teia também não é simétrica. Geralmente elas fazem teias em cantos protegidos (como na sua caixa de correspondências ou na grade do seu portão). É uma teia bastante resistente e que serve basicamente como abrigo para estas aranhas.

viúva negra
repare no desenho da ampulheta vermelha no abdômen
     Na parte debaixo do abdômen desta espécie há uma ampulheta vermelha. Isto mesmo, em quase todas as variedades de viúvas negras esta é uma característica bem visível.

     Não estamos falando de uma aranha grande. Quando tocada, se joga no chão e, dissimuladamente, finge de morta até ter certeza que está a salvo.


viúva negra
     Muito freqüente no perímetro urbano, esta espécie, graças ao seu comportamento dissimulado, envolve-se em poucos acidentes com humanos. Além disso, nesta espécie especificamente (Latrodectus geometricus), os acidentes são considerados leves e raramente moderados. Também não é dolorido na hora. Normalmente, no local da picada, depois de alguns dias, há um enrijecimento no local(fica endurecido) e pode ficar levemente dolorido.

     Vamos agora conhecer aranhas que são mais comuns de aparecer em edificações e que não representam perigo ao ser humano. Podem acontecer acidentes? Sim, mas sem problemas. As aranhas que vamos conhecer a seguir podem ser responsáveis pelo controle de roedores e outros bichos que são muito mais danosos à saúde da população que elas.

Aranha de Jardim

aranha de jardim
observe a seta desenhada no abdômen
     Esta é a famosa tarântula. Pode ser considerada como uma aranha grande. A coloração varia em tons de cinza e marrom. É um bicho rápido e aparece muito em edificações. Apesar de não possuir um veneno que represente risco à vida de uma pessoa, a picada é relativamente dolorida e pode provocar febre. É relativamente fácil identificar uma aranha de jardim ou Lycosa. Dividindo ao meio o abdômen, ou, novamente, se preferir, na bunda desta espécie de aranha há o desenho de uma ponta de lança apontada para a cabeça dela. Nas fotos vocês poderão ver melhor... Estas você pode pegar com uma pá de lixo e jogar num terreno ou numa praça.

Caranguejeiras

tipo de caranguejeira
exemplar grande e cheio de cerdas
     Aranhas de grande porte, podendo em algumas regiões haver espécies que chegam a atingir o tamanho de um prato (e de um pratão fundo!). Cheias de cerdas, as caranguejeiras assustam muita gente. Se apertada contra o corpo ela pode até picar, mas caso contrário ela passeará pelo seu corpo sem nenhum problema além das cócegas. Suas cerdas ou pêlos podem provocar irritações nas vias respiratórias ou na pele, mas até isso é bem raro, como disse no início deste tema, as caranguejeiras são dóceis. Existem pesquisas com as substâncias que elas injetam ao picar suas presas e muitos medicamentos vêm sendo elaborados à partir de venenos e substâncias de origem animal.

macho de caranguejeira
o abdômen dos machos é menor em quase todas as espécies de aranha

Nefilas

nefila em teia - aracnídeo de grande porte
a teia é grande podendo ter mais de 2m de diâmetro
     Para alguns pesquisadores, apesar de fazerem lindas e enormes teias entre árvores e muros ou postes, estes bichos não são aranhas. São o que chamamos de caçador oportunista. Faz sua teia em local de passagem de insetos alados e fica de boa esperando a comida cair em sua teia. Ao olhar contra a luz, algumas destas teias são douradas como fios de ouro. Outra característica é a presença de bolinhas de teia enfileiradas do centro para fora doa teia. Muitas pessoas acreditam serem ovos. Na verdade são os restos de refeição e os estoques pra um petisco fora de hora. Só picarão uma pessoa se forem espremidas contra a pele e mesmo assim não vai ser nada preocupante. Se uma destas fizer uma teia na frente de sua casa ou no seu quintal, torça para ela gostar daí e ficar por várias gerações. Ela será responsável por capturar boa parte das moscas e mosquitos que iriam te incomodar durante as refeições ou durante seu sono. Se você ainda assim estiver com medo e não quiser ela por aí, leva-a à um bosque ou praça e solte-a.

nefila
Opileão

     Este bichinho só está inserido aqui por ser muito comum nas residências e causar muita especulação. É um aracnídeo, mas não uma aranha. Além disso, não faz absolutamente nada, a não ser expulsar outros insetos invasores de seu quintal.

Taturanas

     Apesar de ser quase unanimidade entre as pessoas a aversão e o nojo em relação à taturanas e mandrovás, tratam-se de bichos fabulosos tanto pela transformação pela qual passam quanto por aquilo em que se transformam. Borboletas sempre são vistas como lindos insetos e as taturanas como bichos nojentos e perigosos... e é o mesmo ser...!!!

madrová na mão calejada do grande Marcelão
além de não causar acidentes, transforma-se numa linda mariposa
     A maior parte das espécies, mesmo as que possuem cerdas coloridas, são peludas e aparentam queimar muito, não representam qualquer risco para o ser humano. Acontecem acidentes com as espécies perigosas, mas não é freqüente. Muitas pessoas odeiam as taturanas e mandrovás pelo fato de que elas atacam suas plantas. É possível evitar e controlar isto com produtos naturais e, para algumas plantas, esta “poda” feita pelas taturanas e pelos mandrovás acaba fazendo bem.
mandrovás
típico charuto feito em folha de palmeiras
     Vamos ver algumas espécies que ocorrem em nossa região e diferenciar as verdadeiramente perigosas das inofensivas.


taturana que queima (cerdas tipo pinheirinhos)
este formato de cerdas é característico de taturanas que causam acidentes
taturana automeris (cerdas tipo pinheirinhos)
comum na região e causa acidentes muito doloridos
     As que veremos a seguir, apesar das aparências, são inofensivas.


taturana inofensiva
taturana inofensiva
     Taturanas sem cerdas e mandrovás não causam acidentes. Tirando aquelas com cerdas tipo pinheirinho, a maioria das espécies encontradas no perímetro urbano são inofensivas. Existe uma espécie comum em regiões de mata atlântica (como a Serra do Mar) que pode levar o acidentado à óbito.


     Vejamos agora algumas belas imagens de borboletas e mariposas.

















     Para saber mais consulte:



     Como já havia informado na postagem anterior: No caso de acidente com qualquer bicho, lave o local da picada, mantenha a calma e busque atendimento na Unidade de Saúde de referência.

     Na semana que vem questionarei um velho ditado popular:

O que os olhos não vêem o coração não sente.”

Mas para poder adequá-lo às minhas necessidades de postagem, farei uma pequena adaptação:

O que os olhos não vêem, o estômago não sente?”

Você verá imagens assustadoras de cozinhas de restaurantes, padarias, lanchonetes e pizzarias. Obviamente que os locais não serão identificados, mas existe uma LEI que obriga os responsáveis por estabelecimentos que produzem alimentos a permitirem que os consumidores vejam as condições da cozinha e uma que obriga as Vigilâncias a tornarem públicas suas ações. Pra falar a verdade, nem é necessário acessar o interior de alguns lugares para notar a falta de higiene e de respeito para com o consumidor, mas o que mostrarei nem vai dar pra acreditar... aguardem...

     Aproveitando também o vergonhoso aumento no número de vereadores em Araraquara, contarei alguns “causos” bem curiosos envolvendo esta espécie de ser humano. Para adiantar pergunto: O que vinham fazendo de importante para a Cidade os vereadores e vereadoras que já estavam ocupando as cadeiras da Câmara? Quanto custará para a população este injustificado aumento no número de vereadores? Os vereadores estão cumprindo seu papel de fiscalizar o Executivo e fazer projetos para o bem estar da população ou estão simplesmente interferindo em assuntos de fiscalização, mudando nomes de ruas e ajeitando as coisas para quem lhes favorece politicamente sem pensar na população? Ainda estamos sem saber quantos são os "cargos de confiança" e quanto isso tudo está custando. Agora é que a conta vai ficar $$$$pesada$$$$. Cada novo vereador terá técnicos contratados, carro, combustível, cafezinho, churrasquinho... não se esqueçam das imagens do vídeo do Chapa Quente 9 no portal araraquara.com



Pense bem!!!

Obrigado e até a próxima...